A mente humana tem funcionamento complexo, operando em níveis e funções distintas.
Este assunto está cada vez mais em evidência, despertando, naturalmente, muita curiosidade. Fala-se muito ultimamente sobre mente consciente/subconsciente/inconsciente.
Aqui vai uma explicação bem superficial, apenas para que se tenha uma ideia sobre esses termos e uma ligeira explicação sobre o funcionamento da mente. Não pretendemos fazer uma explicação científica. Quem quiser se aprofundar, a bibliografia é vastíssima.
Primeiro, um lembrete: o tema está longe de ter consensos. O conceito de cada um desses termos, o conteúdo de cada um deles, e, por fim, as possibilidades de acessar estes conteúdos e uma possível transformação são objeto de debates por psicólogos, psicanalistas, psiquiatras, neurocientistas e estudiosos da mente em geral, havendo grandes divergências. Apesar de não ser um tema novo, somente nos últimos 10 anos que se assistiu a um crescente aumento no interesse deste assunto.
Um breve histórico
Há alguns séculos que os estudiosos perceberam haver muito mais por trás dos pensamentos mais aparentes e expressados pelo ser humano. Já se percebia que a mente funcionava de uma forma muito mais complexa e até então misteriosa.
Os primeiros estudos científicos vêm do século XIX, mas, mesmo antes, relatos de filósofos apontando para uma misteriosa força por trás dos pensamentos de cada ser humano podiam ser encontrados.
A estes conteúdos “misteriosos” se deu os nomes de “inconsciente” ou “subconsciente”.
- Friedrich Schelling (1775 a 1854) – filósofo e psicanalista alemão: criou o termo inconsciente em 1815. Segundo ele, é a fonte da criatividade e poderia servir até como uma ponte entre o homem e o espírito.
- Sigmund Freud ( 1856 a 1939) – célebre psicanalista nascido em região pertencente à Áustria, que tornou famoso o termo “inconsciente” por seus estudos nessa área: Freud afirmou que o inconsciente é algo escondido, mas que se manifesta em nossos comportamentos sem nos darmos conta. Acreditava que se manifestava em sonhos e em atos falhos e, quando não tratados, podem adoecer o homem.
- Carl Jung (1875 a 1961) – psiquiatra suíço: acreditava que o inconsciente funcionava como um espaço para desejos reprimidos.
- Melanie Klein (1882 a 1960) – Psicanalista austríaca: acreditava que instintos, impulsos e desejos são consequências do inconsciente.
- Lacan (1901 a 1981) – psicanalista francês:acreditava que o inconsciente é a base da existência humana.
Afinal, inconsciente ou subconsciente?
Não existe um consenso na ciência sobre o termo correto, tampouco exatamente quais os conteúdos fariam parte de cada um deles.
Freud, o pai da psicanálise, inicialmente usava os termos subconsciente e inconsciente de forma intercambiável, mas acabou optando por usar mais o termo inconsciente.
Por essa razão, o termo inconsciente é mais usado na literatura profissional – psicanálise, psiquiatria, psicologia e neurociência.
Já o termo subconsciente é mais utilizado na literatura leiga e psicólogos alertam para o fato de não necessariamente ser sinônimo de inconsciente, bem como para o fato de muitas vezes não ser bem definido.
Essa confusão perdura até hoje.
Além disso, Freud também usava o termo “Pré-Consciente”, indicando o conteúdo que poderia ser potencialmente trazido à consciência. Freud usava este termo para denominar o conteúdo intermediário entre o consciente e o inconsciente. Ele acreditava haver 3 (níveis) de consciência da mente humana.
Aqui vamos usar sempre o termo subconsciente, uma vez que se trata de um texto leigo.
O funcionamento da mente humana
Como dissemos, a mente humana tem um funcionamento complexo, com fenômenos psicológicos com funções distintas.
Entende-se que o comportamento, personalidade e execução de atividades são derivadas da constante interação de processos mentais que operam em níveis diferentes: consciente e subconsciente.
Consciente
O consciente é quem comanda, forma a decisão, as iniciativas, as seleções e determina para a execução. É a sede da razão e da vontade.
A mente consciente capta as informações do mundo através dos cinco sentidos.
O próprio nome diz: estar ciente de algo.
Segundo Freud, são as informações que o indivíduo percebe na realidade. São pensamentos, memórias, sentimentos e desejos que se tenha ciência no momento. Aspecto da nossa mente sobre o qual podemos pensar e falar racionalmente.
Inclui a memória que pode ser facilmente resgatada. Por exemplo, o nome da rua onde a pessoa morava na infância, que pode ser facilmente lembrada se a atenção for orientada para este sentido.
Subconsciente/Inconsciente
O subconsciente, por sua vez, registra as impressões vindas dos sentidos através do consciente. Não existe uma definição contundente, mas algumas tentativas de explicar o conteúdo e funcionamento deste nível mental.
São processos mentais que ocorrem automaticamente, como processos de pensamentos, memórias e motivações, em um nível não facilmente detectado.
Trata-se de um nível de percepção do ser humano abaixo daquele a que damos atenção.
- São os pensamentos primordiais que não são acessados facilmente, pelo contrário, são reprimidos, ou primitivos ou instintivos.
- São as memórias e experiências coletadas na infância, que contribuem para formação da pessoa.
- São as crenças que vão sendo formadas ao longo da vida, junto com padrões de comportamento, que influenciam nosso comportamento, experiências e decisões, mesmo que não estejamos conscientes destas influências.
- São reservatórios de sentimentos, pensamentos, vontades, desejos e memórias de coisas que foram ouvidas ou vistas, que estão fora da consciência. Inclui conteúdos que não são aceitáveis ou que são até mesmo desagradáveis.
- São os desejos reprimidos, sentimentos reprimidos, memórias escondidas, hábitos, pensamentos, desejos e reações.
Todo este conteúdo é coletado pela mente consciente ao longo da vida e registrado no subconsciente. Nele está gravado tudo o que sentimos, pensamos, vimos, ouvimos, lemos e aprendemos.
A função do subconsciente é executar os comandos vindos do consciente. Com estes registros, o subconsciente executa o que foi programado.
Por força do subconsciente, podemos tomar diversas ações tão corriqueiras que nem nos damos conta, como, por exemplo, andar, escovar os dentes ou dirigir. Todas estas ações são aprendidas inicialmente através do esforço consciente, mas uma vez aprendidas, são memorizadas e se tornam automáticas em nossa mente.
Ou seja, o subconsciente executa tanto ações normais para o nosso cotidiano, como também orienta todas as nossas tomadas de decisões, nosso comportamento, nossa personalidade.
Esta interação entre estes dois níveis é complexo e ainda não totalmente compreendido. No entanto, sabe-se que muitas vezes podem estar em conflito, havendo um comando por parte do consciente em uma direção e, por outro lado, um programa em sentido oposto por parte do subconsciente, por conta de registros passados.
É aqui que muitos estudiosos vêm se debruçando recentemente, de modo a compreender as melhores formas de coloca-los em consonância.
Freud entendia que, pelo nosso comportamento pode-se ter pistas e sinais do que lá estão armazenados, mas não é tão claro e óbvio, havendo necessidade de se fazer um processo investigatório, que, no caso dele, era a psicanálise.
Atualmente é entendimento dos estudiosos do assunto que talvez a maior parte da vida mental acontece sem que saibamos disso.
Algumas características
O subconsciente opera em potência máxima o tempo todo, ou seja, está em funcionamento o tempo inteiro.
Por exemplo, se você fizer uma atividade mental super intensa, como resolver um problema matemático complexo, o cérebro gasta 1% a mais de energia do que se estivesse paralisado, sem pensar em nada ou sem fazer um esforço intelectual.
Estima-se que a mente consciente a ocupa no máximo 5% do cérebro e que os outros 95% estejam em função do inconsciente (lembrando, novamente, que isto é estimativa, sendo que até mesmo os especialistas assumem que este número é ainda um palpite).
A Mente subconsciente é mais metafórica, já a mente consciente é mais direta e específica.
Resumindo…
Como dissemos lá no começo, o que pode ser considerado como um conteúdo pertencente ao fenômeno do subconsciente (ou inconsciente), as formas de acesso a estas informações e até mesmo o quanto é possível acessar e transformar estes conteúdos, é fonte de um debate inesgotável.
O importante é compreender que por trás dos nossos pensamentos aparentes, há uma série de conteúdos, informações, memórias, sentimentos reprimidos, traumas guardados e não resolvidos, padrões repetitivos, hábitos, crenças criadas, aprendizados sedimentados, medos reais ou irreais, desejos reprimidos, sentimentos não expressos, experiências boas e ruins, ideias pré-concebidas por conta das experiências vividas e muito mais, que influenciam estes pensamentos conscientes, mesmo que a gente não se dê conta.
E é este conteúdo oculto que está por trás das nossas ações, ou justamente da falta de ação, e de nossas reações.
Fato é que cada vez mais se acredita ser possível não só acessa-los como tratá-los e transformá-los.
Antigamente, acreditava-se ser possível somente através da hipnose aplicada na psicanálise. Atualmente, estamos vendo emergir uma série de técnicas.
E uma delas, não é uma técnica nova, muito pelo contrário, milenar, mas que cada vez mais compreende-se sua importância e o seu funcionamento…
Adivinha qual é?
SIM, A MEDITAÇÃO!!!
Ao acalmar os pensamentos, conseguimos começar a nos dar conta dos pensamentos mais sutis e profundos que estão por trás das nossas decisões, ações (ou não ações) e reações.
Enfim, uma infinidade de pensamentos e sentimentos que influenciam uma boa parte da nossa vida (talvez até a maior parte).
Com a meditação, conseguimos ir desvendando esse “mistério” que rege nossa vida, sem que muitas vezes nos déssemos conta, aumentando cada vez mais o nosso bem estar e poder de transformação pessoal.
Cada vez mais há relatos científicos e empíricos de mudanças de hábitos, comportamentos, formas de pensar que traziam efeitos indesejados e, quando compreendidos e analisados, foram transformados.